Já é final de setembro. Já é final, e eu não vi a primavera chegar. Verdade que ando perdida em mim, no tempo e nos lugares. Só não vou admitir.... Tudo bem, eu admito. Ainda me perco nos caminhos. Toda estrada parece a certa quando não se sabe aonde quer chegar. Eu não sei, mas eu vou chegar, de um jeito ou de outro. Aos trancos, empurrada pela vida, pela vontade de viver, pela necessidade de sobreviver. Aos barrancos, porque vez ou outra eu caiu. Tombo feio. Eu estou indo, você sabe que estou. Só não sabe como e nem precisa saber. Talves precise: Eu ando assim, cercada todo tempo. Super articulada, expressiva, expansiva. Falo a todo momento, evito descaradamente o silêncio. Sempre com a mãos ocupadas, sempre arrumando a bagunça, sempre tentando arrumar a bagunça. A cabeça sempre a mil. Correndo para encontrar soluções dos problemas de livros. Forçando-a se lembrar de tantas tarefas, rezando pra esquecer tantas outras coisas. Você me entende? Quando nada mais me ocupa eu durmo. Tenho dormido muito, mesmo que de olhos abertos.
Eu paro, me concentro e imagino uma sala, sem janelas, sem portas, sem quinas, teto ou móveis. Completamente branco. Desligo-me. E tudo isso para não ouvir os pensamentos. Tenho tentando ignorá-los e já fazem meses. A cada dia fica mais fácil de um modo difícil. Mas, não é raro eu paro e penso, os ouço. Nunca dizem nada de motivador. São nostálgicos, de um jeito maléfico. Dizem bobagens. Você entende, não? Acho que não. E é como eu disse, momentos menos frequentes, mas ainda presente. E se um dia me encontrar por aê, fique à vontade em perguntar se eu estou bem, vou lhe ser sincera como poucas vezes fui. "Eu estou muito bem". E da primavera... só se sabe que está ai. Florescendo em qualquer outro jardim. Quem sabe, pra mim, outubro seja mais colorido.