terça-feira, 24 de abril de 2012

Muito além do florescer

Era uma vez...

Uma flor, que já não sabia que era flor. Ignorava o aroma que exalava, seu olfato havia sido corrompido.  Ficou presa ao achismo dos que ao seu redor, apontavam e reclamavam do seu odor ruim. Até que em algum momento passou a sentir aquele cheiro de podre. Era quase insuportável, tanto que ela deseja não ser ela. Acreditava fielmente que se, de algum, modo pudesse deixar a casca que a envolvia, ela exalaria ao aroma que outrora exalou. Que perfumaria não só sua própria existência, assim como a vida e todos outros que a quisesse por perto.  Tudo que era belo tornou-se borrão. Formas e cores se tornaram rabiscos e cinzas. Espelho d’agua reflete, mas os  olhos só enxergam o que querem. Inconscientemente ela quis assim, quis ser borrão cinza. Desistir significa se tornar o que espinhos e ervas-daninhas pensam de você, como quem não pode construir, mas deseja destruição de quem conseguiu. Quando se olha de dentro pra fora, se pode ver, quão cheia de forma você é, quantas cores desfila, quanto seu perfume é único e especial.  Quem não pode ver isso, estava preso em seu próprio rabisco de vida e podridão.  Só se pode ser flor quem acredita flor, só se pode ser flor pra acredita que você seja flor.   


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